terça-feira, 27 de julho de 2010

Uma página do diário arrancada

A chuva é alvissareira dos meus dias de paz.

Por isso me encanta tanto esse tilintar que ela faz no asfalto, trazendo a calma pra brasa do trânsito que se faz meu pensamento, meu coração, nesses dias de exílio de mim mesma.

A vida não muda.

Sempre foi assim.

Os atos e fatos sempre se deram rápidos demais, e mesmo que eu me esforçasse muito, tudo parecia demasiado rápido e volumoso pra ser assimilado de pronto, como um tapa na cara.

Mas até os tapas na cara nos deixam chocados, encarquilhados dentro da nossa própria vergonha até que criemos culhão de reagir, de nos defender.

E não é que seja necessário se defender da vida, muito pelo contrário, meu amigo! A gente precisa é absorver tudo, avocar a totalidade dos momentos, do que a vida tem pra nos oferecer. Toda a discórdia, a miséria, a vingança, a gama completa de motivos torpes que fazem o resto do mundo ignorar as coisas que realmente importam, até isso mesmo precisa estar dentro da nossa esfera de conhecimento.

Isso é necessário pra que a gente possa avalizar como bom até aquilo que vem rápido demais pra ser duradouro.

Quando a gente tem uma notícia boa, quando um sonho se realiza, quando os motivos da sua ansiedade são dissipados, a violência com que o alívio e a alegria batem no seu cérebro é de uma força quase inexplicável, não é mesmo?

As mãos suam, a respiração falta, o sorriso é inevitável, a visualização do objeto de desejo em suas mãos é tão real que você pensa estar alucinando!

E quando atingimos o topo do nosso desejo, o clímax de um dia bom, a gente se pergunta: como é que eu faço agora pra perpetuar isso pra sempre, pro resto dos meus dias?

A conclusão é que nem todo dia é um dia bom.

Mas também não precisa ser um dia horrível.

Basta querer sempre mais...

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