quarta-feira, 7 de julho de 2010

Crise de criatividade

Não sei nem por onde começar.

 

Sei que a inspiração precisa vir até mim de alguma forma, seja aqui, agora, na sala de espera da dentista ou sacolejando no ônibus de volta pra casa.

 

Talvez eu tenha uma epifania enquanto a dentista enfia aquelas agulhas minúsculas na minha gengiva, tentando alargar o canal do meu dente de divisas esburacadas.

 

Quem sabe eu aprenda a rimar gemidos de dor, na medida em que eles são veementemente ignorados.

 

Quisera eu ter um pensamento claro que fosse enquanto a digníssima profissional odontologista, depois de esterilizar seus instrumentos de tortura medieval em um candeeirozinho tão medieval quanto suas torturas, entoa Simply Red no meu ouvido, em harmonia absolutamente imperfeita com a broca E com a música. Um feito incrível, a meu ver!

 

Ainda espero que, depois disso tudo, eu encontre garra pra escrever.

 

Quem sabe depois de socar esta dentista no chão, seguido de um " pode cuspir!" com vozinha infantil, mostrando que eu a observei bem durante a última consulta e captei a sua personagem.

 

Ou talvez eu só tenha um ataque pelo Twitter, como da vez em que uma ginecologista de sanidade instável e duvidosa me colocou na sala de espera só de avental, daqueles em que seu mamilo fica querendo fugir, num ar-condicionado bombante, enquanto ela cancelava seu serviço de TV à cabo domiciliar! Me restou apenas protestar para 800 seguidores, válvula de escape pra que eu não gritasse nua na frente da mulher.

 

Talvez esse seja o máximo de inspiração que eu consiga.

 

-         Fernanda, sua vez!

-         Mas eu ainda nem terminei de escrever!

 

Faço um muxoxo. A assistente me olha, impaciente.

[...]

 

29 dez 2009

 

Fernanda O. de Oliveira

  fernandaoxigenio@gmail.com

 

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