quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Uma voz que se extingue

No último dia 31 de agosto foi comemorado o dia do blog.
Blogs significam muita coisa pra mim, internet significa muita coisa pra mim.
Através de e-mails, portais, redes sociais, fotologs e blogs fiz muitas amizades e aprendi muita coisa nesses anos todos de acesso. No entanto, a ideia de um diário virtual, em que você se expõe de forma tão intimista como algumas pessoas tem feito ao longo desses anos é mesmo um arauto de novos tempos que já chegaram e se consolidaram.
De tal forma isso é verdade que blogs hoje em dia não são apenas diários virtuais, mas se especializam em determinados assuntos ao ponto de serem referência de informação, ponto de encontro entre pessoas com convergência de interesses e fóruns de discussão. A interatividade dos blogs é extremamente atrativa e eficiente, e isso me fascina verdadeiramente.
Se isso ocorre no mundo blogueiro, que dirá dos portais de notícias e informação espalhados pela web?
Assim como tudo que evolui, a internet e seus portais também o fazem e seguindo o estigma da globalização, que carrega tudo para um novo (mas talvez nem sempre melhor) patamar, no mesmo dia em que se comemora a existência de um dos baluartes da internet encerra as atividades um dos maiores e mais tradicionais meios de comunicação do país, o Jornal do Brasil.
O JB , seguindo a sua evolução natural, agora está disponível somente para os leitores online.
A democratização da informação assim segue a sua involução, pois sabemos que a grande maioria do país não tem acesso à internet. Sendo assim, a voz de mais um portal de comunicação tem seu público restringido.
Não é o primeiro nem o último jornal que se extinguirá em nosso país, porém em um lugar em que a distribuição de informação parece tão facilmente manipulável quanto a distribuição de renda, é perigoso que tanto as publicações quanto o conteúdo noticioso seja restrito a poucos veículos de comunicação.
Parece papo conspiratório, mas as organizações Globo agora tem a maioria dos veículos de informação a sua disposição, facilitando assim a manipulação a favor dos seus interesses, não acham? Isso não se torna perigoso?
Como podemos confiar no que noticia uma empresa que já colocou presidentes no poder e em seguida os derrubou? Transformou a imagem de muitos no diabo para depois martirizá-los diante do povo?
E o que dizer dos jornalecos sensacionalistas que se alimentam da miséria humana em vez de divulgar aquilo que é de real interesse aos cidadãos?
Vejam que não estou defendendo em momento algum o JB, embora alimente por eles extrema simpatia, não apenas por ter sido uma publicação aparentemente fidedigna e segura nos últimos anos, mas também porque trabalhei com seu setor de publicações de perto nos últimos 3 anos.
O que estou dizendo é que a monopolização de informação é algo extremamente perigoso.
Para aqueles que acharam o extermínio do JB maravilhoso, lhes pergunto: que fim terão as várias pessoas que não tiveram tempo ou oportunidade de encontrar outro emprego e afundaram junto com o navio?
Em um país em que tão poucos tem voz, é irônico ver mais uma das grandes se extinguir, enquanto se comemora o surgimento de muitas outras.

Um comentário:

Igor disse...

Sim, também estou muito triste com o fim do JB. Na verdade, só se sacralizou o acontecido: o fato é que o JB vinha se arrastando há vários anos, tendo deixado de ser um veículo de comunicação relevante para o país aos poucos. No entanto, o temor mesmo é pela manipulação ostenstiva da informação por parte do Jornal O Globo, que se tornou o único jornal de grande porte do Estado. Esse monopólio é muito perigoso, pois ele uniformiza o modo de pensamento e impõe certos estilos de vida e tendências de comportamento, que passam a ser como dogmas, ou seja, incontestáveis. Fico triste. =(

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