segunda-feira, 13 de abril de 2009

Japonês (ou os nomezinhos que nos dão)

O momento mais alegre do dia, depois do "bom dia", quando chego no trabalho é sentar com os meninos pra receber a correspondência da Unidade. Desde quando a maioria do setor eram mulheres, curto muito esse momento em que a gente troca idéia, desabafa e dá risada, tudo ao mesmo tempo.

Nesse ensejo e sempre conectando um assunto no outro, chegamos no assunto dos "nomezinhos" que a gente é chamado durante a vida, no dia-a-dia.

Chamei o Edson, o recém-chegado, de "gatão", no que ele prontamente me respondeu que "chamando assim faço qualquer coisa." rsrs

Disso, degringolou pra minha aversão a ser chamada de "gatinha", que ninguém entendeu.

Pois veja bem, um cidadão quando sai com vc por um tempo e ainda te chama de "gatinha" com aquela malemolência costumeira, meio que deixa implícito que vc é mais uma das negas dele.E eu não gosto. Porque mulher tem mania de exclusividade, de ser especial. Eu adoro ser especial. E eu sei que eu não sou exclusiva, então que, ao menos, eu seja especial pro dito-cujo lá.

Bibino, nosso gatão de meia-idade (cof cof), achou isso tudo muito esquisito.

-Vc prefere ser chamada de xuxu à gatinha? Sabe o que é mulher-chuchu? É a esposa, que dá todo dia no fundo do quintal e a gente come pro vizinho não comer.

¬¬ A vida de xuxu é difícil, concluí.

Sem falar que isso me torna uma dessas mulheres-legume-fruta-pedaço-de-carne que habitam jornalecos, exceto pela suposta gostosura. Afinal, xuxu não é gostoso, né, minha gente! É sem graça. Não me incomodo, já superei esse trauma, vide posts anteriores.

Saída pro almoço, fui á Saraiva decidida a comprar alguns livros sobre escrita criativa e um sobre investimentos na Bolsa de Valores que tinham chamado a minha atenção da última vez que estive lá. Após ser ignorada por alguns atendentes, saí feliz e contente com 3 livros e passei no Fast Japa Roll pra comer um japa rapidinho (o nome já diz né). Aliás, super recomendo, amo de paixão esse restaurante, que fica ali na Travessa do Ouvidor, quase de frente pra Saraiva Mega Store.

Enquanto esperava minha comida ficar pronta, ouvi o seguinte diálogo:

-Amigão!Já saiu o roll que eu pedi?

-Taí, campeão!

Me lembrou um texto, que eu jurava que era do Machado, que eu li no segundo grau, sobre as nomenclaturas que a gente dá pra pessoa amada quando está apaixonado.Não achei de jeito nenhum no Google nem no dominiopublico.gov.br, uma pena.

Na sociedade,no dia-a-dia, a gente também vê muito pronome de tratamento engraçado, alguns beiram o ridículo, assim como no texto do Machado, que tinham uns bem estranhos.

De manhã, o pessoal tinha discutido quais eram os piores. Em votação, "colega" é ruim, mas o pior de todos é "nem".

"Nem" é aquele que você ouve quando entra na loja da Gang, né...

-Posso te ajudar, nem?

(arrepio na nuca de ódio) - Pode.Simorre.

Tem aqueles de cunho social também.

"Parceiro", como o Marcelo Adnet fala na MTV, é meio "lelesk".Mas é tão carioca!Entra na classificação dos regionalistas, assim como "guri","bagual","degas", só pra falar os da minha terra, e "véio" ou "mano" de São Paulo.

No Rio, a gente ainda convive com aqueles restritos a algumas comunidades, como "alemão" e "fiel". Chamando pelo pronome errado, na hora errada, com a pessoa errada, no território errado, mermão, é bala na certa! Mas não me pergunte qual é qual, ainda não me aprofundei em tais estudos antropológicos,não.

Só nesse aspecto da comunicação, a gente vê que as coisas são bem complicadas. Talvez ainda mais do que na época do Machado.

É.O almoço rendeu.

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